As 100 linguagens da infância. Vamos caminhar juntos: família e escola

Alexa Ximena Sánchez
Johanna Alexandra Quiroga Carreño

Cenário onde nossas experiências se desenvolvem
A Instituição Educacional Distrital Liceu Femenino de Cundinamarca Mercedes Nariño, localizada na cidade de Bogotá, Colômbia, em 1958 adotou o nome de Liceu Femenino de Cundinamarca e em 18 de junho de 1960 foi acrescentado ao seu nome Mercedes Nariño em homenagem à filha do precursor da Independência Antonio Nariño. Entre 1966 e 1972 foi criado o Jardim de Infância e, paralelamente, criada a Associação de Pais, com o objetivo de criar vínculos entre a escola e a família.

É um cenário educacional com dinâmicas próprias que se adequam na realidade por meio de estratégias inovadoras, que contribuem muito para atender às necessidades de sua comunidade para reduzir as desigualdades a que as mulheres estão expostas, portanto, seu projeto educacional dá um lugar visível às meninas como construtoras de sentido, transformadoras com a sua presença nos vários contextos em que interagem, assumindo um papel protagonista na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde predominam o humano, o pedagógico, a convivência e o trabalho conjunto com a família elementos preponderantes na formação das meninas.

Da mesma forma, o Liceu inspira-se no pensamento libertador que promove a formação integral das meninas na autonomia, criatividade, responsabilidade e análise crítica da realidade, o que lhes permite a participação plena com qualidade e cordialidade em todas as esferas da vida, mediante processos de cooperação no ensino- aprendizagem que visam desenvolver seu projeto de vida para participar ativa e efetivamente para contribuir com a transformação da sociedade.

Acervo institucional: IED Liceu Femenino de Cundinamarca Mercedes Nariño

Tecendo o vínculo escolar e familiar no Liceu
Neste sentido, a Estratégia Pedagógica Vamos Caminhar Juntos: Família e Escola, foi criada para promover cada vez mais o encontro entre as meninas que habitam o jardim de infância e os seus dois mundos: a família e a escola, encontros construídos em conjunto e dotados de sentimentos através da confiança mútua, comunicação, fraternidade, compreensão; por isso nasce a participação ativa das famílias, onde são reconhecidas como pares educativos que têm muito a expressar e a contribuir, o que dá identidade à estratégia.

A família e a escola são um eixo articulado como dois elos de uma mesma cadeia, partilhando questões relacionadas com a formação das meninas, por exemplo, a socialização e a relação com o seu meio, facilitando em grande parte o desenvolvimento do social e o seu papel na sociedade, elementos da missão institucional, por sua vez, dá às meninas os alicerces e o suporte emocional necessários para atuarem com os outros nos dois ambientes, construindo novas experiências de aprendizagem no seu cotidiano, onde são compreendidas no tempo presente e vivem o seu momento, vinculando seus ambientes seguros: família e escola.

 

A estratégia pedagógica é desenvolvida com meninas entre os três e os cinco anos, partindo de dois momentos essenciais: “Curiosidades do Meu Universo” e “Roda da Palavra”, dando origem à exploração de capacidades para potencializar a sua autonomia, criatividade e análise crítica da realidade, entre outros, assumindo protagonismo.

O primeiro momento “Curiosidades do Meu Universo”, uma estratégia fundamentada em dois componentes essenciais, a filosofia para crianças onde se integram questões dinamizadoras que fazem com que as meninas pensem, expressem e argumentem as suas ideias sobre o que acontece no seu universo; a estreita relação entre a literatura e a exploração do ambiente como atividades norteadoras da primeira infância, o que lhes permite brincar com suas múltiplas linguagens em todas as construções possíveis da linguagem oral, escrita e não verbal sob o triângulo amoroso (livro/experiências – mediadores – meninas), associados a ambientes de aprendizagem para a indagar e dar sentido ao seu mundo.

As professoras e os professores disponibilizam semanalmente espaços em que os pais e mães vêm ao Liceu ler com as filhas sobre o que lhes interessa, dando origem a um trabalho inter-relacionado com outras famílias. Além disso, acompanham as meninas na construção de materiais para provocar suas experiências de aprendizagem com encontros afetivos em torno da linguagem em diversas situações do cotidiano, estruturam espaços de exploração e construção a partir do ambiente natural, abordando o que as meninas desejam descobrir, investigar, criar, sonhem com a sua escola e família num quadro flexível, assertivo, inclusivo e coeducativo. Sem dúvida abre a janela para o vínculo carinhoso do triângulo amoroso onde as famílias se envolvem, leem, sonham, investigam e criam mundos possíveis junto com suas filhas a partir de suas próprias realidades, curiosidades, perguntas e criações verbais, escritas e não-verbais. Para o Liceu, um pai que se envolve é um pai que ao mesmo tempo ensina.

Porém, este trabalho não termina aqui, as experiências construídas conjuntamente entre as famílias são levadas para casa para continuar a criar novas possibilidades de aprendizagem que só fazem sentido no aconchego do lar, onde os pais e as mães continuam a dar um lugar privilegiado ao vínculo familiar e escolar. Depois, como momento final, as meninas em contexto escolar compartilham essas experiências com seus pares, em alguns momentos o fazem por meio da escrita, do desenho, da arte ou das representações corporais, entre outras.

O segundo momento “Rodas da Palavra”, fundamental para dar protagonismo às meninas a partir de suas vozes e histórias, por meio de um ambiente participativo e democrático que incentiva o trabalho em conjunto com as famílias, um espaço que privilegia a exploração de experiências pessoais e sociais que buscam estabelecer equidade na tomada de decisões e na participação das meninas, promovendo o seu pensamento crítico e diferentes formas de diálogo e expressão. Este momento desenvolve-se a partir de rotinas com uma sessão de trabalho por mês, por um lado, na brincadeira com características que a tornam fundamental para a construção das meninas como sujeitos sociais e culturais, por outro, a arte como potenciadora de experiências significativas em torno da música , arte dramática e expressão corporal, elementos-chave que permitem às meninas partilhar os seus sentimentos através da contação de histórias, juntamente com as interações que podem surgir com as famílias, as professoras e os professores.

Conforme indicado, este momento suscita a tomada de decisões e privilegia o diálogo e a expressão, o que permite às meninas revelar situações associadas ao seu ambiente familiar e escolar, fazendo sentido através de três componentes, nomeadamente: ter um espaço acolhedor e especial para o desenvolvimento da experiência; os/as professores/as que acompanham as ações do círculo devem estar próximos das meninas e conhecer seus interesses, necessidades e gostos e por último, mas não menos importante, a participação das famílias para potencializar nessas conversas os sentimentos íntimos que emergem com o desenvolvimento deste momento.

O brincar e a arte são os elementos integrantes das rodas da palavra, enquanto as atividades são construídas em conjunto pelas meninas-famílias-professoras, tudo se dá a partir das propostas das meninas com um eixo para trabalhar, por exemplo, “como me sinto em casa”, “o que eu gosto no meu jardim”, entre outros, lembremos que o significado deste momento é trazer à tona esses sentimentos das meninas, portanto, são construídas atividades que, a partir das brinadeiras criadas em ambientes diversos, proporcionam às meninas confiança que permite a elas se expressarem, para que as famílias e professores/as reconheçam e simbolizem estas apostas, de forma a acompanhá-las no processo de empoderamento e construção da sua identidade. A partir da arte que emerge das atividades das brincadeiras criadas, são desenvolvidas atividades de expressão corporal ou dramatização para mobilizar as expressões e sentimentos das meninas, que são capitalizadas pelas famílias e professores/as para potencializar o seu desenvolvimento integral.
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Os sentimentos das meninas são ouvidos e materializados a partir das diversas experiências criadas com elas, das possibilidades que se concedem na hora de brincar e criar, “quero que meu pai e minha mãe me levem ao parque”, “Gosto quando minha mãe não trabalha”, “Meu pai mora em outra casa, mas me liga todos os dias.” Usando a brincadeira e a arte como pretexto, revela-se uma radiografia do que pedem ou desejam. Muitas das situações familiares não são compreensíveis para meninas, apenas elas sabem que algo está acontecendo em casa.

As decisões das pessoas adultas recaem sobre o seu futuro, porém, por meio do momento da roda da palavra, professores/as e família escutam essas vozes e sentimentos que podem ser abordados a partir do vínculo familiar e escolar para transformá-los e acompanhá-los nesse caminho de ser uma menina em suas diferentes formas de pensar, sentir e agir.

No Liceu continuarão a configurar-se novas possibilidades para capacitar as famílias no processo educativo das suas filhas, ao mesmo tempo que são fundamentais no seu cotidiano, dentro daquilo que constitui este elo: escola e família, é evidente uma grande riqueza, famílias diversas, promovendo e contribuindo para a construção de uma nova e melhor sociedade a partir da compreensão do que são suas filhas, além de considerar pais e mães felizes ao verem suas filhas contando histórias, cantando, conversando, brincando, explorando, criando, pintando, representando, dançando a música colombiana, em suma, refletindo o que elas são em na sua essência infinita.

As fotografias fazem parte do acervo institucional: IED
Liceo Femenino de Cundinamarca Mercedes Nariño.

Bibliografia
Castro-Zubizarreta, A. & García-Ruiz, R. (2016). Vínculos entre
familia y escuela: visión de los maestros en formación. magis, Revista Internacional de Investigación en Educación, 9(18), 193-208.

Guitart, R., Alabart, M., Garreta, J., Macia, M. y Tort, A. (2018). 9 ideas clave. La relación entre familia y escuela. Editorial Graó.

Labarta, L. Violante, R. y Soto C. (2015). Familias y jardines. El período de inicio. Ministerio de Educación de la Nación, Argentina

Siede, I. (2015). Casa y jardín. Complejas relaciones entre el nivel inicial y las familias. Homo Sapiens.


Alexa Ximena Sánchez

Professora de primeira infância do IED Liceo Femenino de Cundinamarca Mercedes Nariño
Docente da Universidade de La Salle, Colômbia.
alesanchez@unisalle.edu.co
axsanchez@educacionbogota.edu.co

Johanna Alexandra Quiroga Carreño
Diretora com Licenciatura em Educação Básica Primária
Universidade De la Salle, Colômbia.
jaquiroga@lasalle.edu.co

 

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