Infancia latinoamericana dedica este número monográfico à Jornada Internacional da Educação Infantil: infância, professoras e escola, realizado em 6 de julho de 2019, promovido e organizado pela Associação de Professoress Rosa Sensat, a Fundação Artur Martorell e a Fundação Marta Mata. Trata-se de documentar e compartilhar a riqueza das reflexões, análises e emoções que surgiram naquele dia em torno da figura pedagógica e pessoal de Irene Balaguer, professora de educação infantil e pedagoga.
O dia foi organizado em quatro blocos que buscaram recolher alguns dos temas que caracterizaram muitas das conversas e encontros que Irene promoveu ao longo dos anos com os diferentes grupos e pessoas que se reuniram em torno de sua figura:
De que infância estamos falando?
De que professores precisamos?
Que escola queremos?
Das políticas à escola.
Nas diferentes intervenções que encontraremos neste número, há fios profundos que Irene espalhou e teceu em sua incansável dedicação à infância:
Meninos e meninas são cidadãos com direitos, e a “Convenção sobre os Direitos da Criança” é o grande instrumento, uma ferramenta magnífica para todos aqueles que reconhecem a criança como uma “pessoa” desde o nascimento, obrigando força jurídica e política em todos os lugares, e dando aos adultos a obrigação de manter uma relação de respeito com as crianças.
Fazer da democracia o nosso estilo. O modo de viver e relacionar-se com os outros em contextos sociais implica manter e aumentar a participação, a tomada de decisões e a responsabilidade coletiva. Irene, uma mulher profundamente generosa com o conhecimento, gostava de compartilhar e dar a conhecer realidades, autores, experiências … estimulando-nos a pensar, argumentar, propor, questionar e criticar o nosso fazer… refletir por nós mesmos, ter uma opinião própria, diferente e até conflitante com a dos outros, a ser pessoas livres, solidárias e felizes.
Fazer relações com a nossa força. Era comum que novos projetos e propostas surgissem nos diálogos com ela, embora a realidade às vezes tenha pesado com as vicissitudes políticas sempre havia espaço para um novo desafio, para esperança…, incansável, imbatível ao abandono. O seu espírito combativo e os vastos conhecimentos adquiridos ao longo dos seus anos de experiência levaram a sua ação de articulação de redes
de pessoas comprometidas com a infância,
“Trata-se de tecer, tecer uma tapeçaria tão grande e vasta quanto a gente consegue, uma tapeçaria que será diferente, como diferente é a realidade educacional do mundo. A espessura da urdidura será diferente, a cor e o material serão diferentes … será diferente, porque a diversidade é a sua força. Uma tapeçaria, porém, que compartilha uma trama, a de respeitar as crianças, de buscar o melhor para acompanhá-las em seu processo de emancipação e descoberta do mundo”.
Companheiras, temos a tarefa de continuar a construir e fortalecer essas redes, a infância merece e nossa amiga e companheira nos mostrou o valor de nos sentirmos membros de um projeto em que não estamos sós e somos muitos. Uma rede densa, como as que as revistas criaram, é a vontade coletiva que a desenvolve, é a afinidade, é a vontade de mudar, é a vontade de aprender.
Mercedes Blasi
Conselho de Redação da España.