Experiências. Diário de uma professora rural em tempos de pandemia

De repente nos encontramos sumergidxs en un escenario totalmente diferente al que estábamos acostumbradxs.2 Enfrentamos una pandemia que nos impidió volver a encontrarnos dentro del aula. A pesar de que en la escuela rural podemos notar varias adversidades y problemáticas, esta fue la más grande hasta el momento.

Como docente, ao longo desses meses, busquei infinitas estratégias para continuar ensinando crianças de 3, 4 e 5 anos. Apesar do que estava acontecendo conosco, era quase impossível explicar para as crianças que não podíamos nos ver ou dividir brinquedos, que nos reunir e brincar ia mudar completamente, e mais ainda em nosso contexto, onde a escola é único espaço de encontro, reencontro e contenção, onde se divertem, compartilham e se relacionam com seus companheiros.

Escola Hipólito Bouchard nº 246. Villa Amelia – Zona rural da província de Santa Fé
(Argentina)1

Meu objetivo sempre foi estar atenta às necessidades dos meus alunxs e de suas famílias. Fiquei atenta para ajudá-los em tudo, para se sentirem segurxs e para poder interagir sem dificuldade.

Nós nos comunicamos através do WhatsApp. A maioria dxs alunxs não tem acesso a computadores ou serviços de internet, por isso muitas vezes nós, professorxs, fazemos recargas de dados móveis para que ninguém seja excluído. A cooperação educativa para famílias e crianças é fundamental, além da existência de políticas educacionais que garantam a conectividade.

Foi e é fundamental gerar e manter vínculos com cada uma das crianças. Por isso, todos os dias mando atividades no mesmo horário, tentando de ir montando um ritual que seja o de esperar o momento de se encontrar. Um espaço onde circulam as explicações e ao mesmo tempo é um momento para expressar as suas ideias, pensamentos ou preocupações. Além disso, me filmei exibindo diversas atividades recreativas com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades. Por meio do vídeo, as crianças podem visualizar as atividades que devem desenvolver. Procuro alcançar uma interação e assim fortalecer nosso vínculo pedagógico e afetivo. Nos vídeos também explico os cuidados que devem ter ao fazer uma proposta corporal. Sempre brincamos, dançamos, rimos e curtimos cada momento. A maioria dos encontros ou momentos (síncronos e assíncronos) são uma festa.

Cada família se conecta comigo através de áudios, vídeos e fotos. Neles se pode ver a alegria das crianças ao fazerem as propostas. Por tudo isso, sinto-me muito mais próxima de cada umx.

Um dos principais eixos que trabalhamos foi o das diferentes emoções e sentimentos provocados pelo isolamento social, preventivo e obrigatório. Promovi esta atividade desde uma criança que expressou que, durante a quarentena, teve alguns dias tristes e outros felizes. Por meio das mensagens de áudio, coloco corporalidade em minha voz com diferentes narrativas como forma de abraçá-las.

Na Argentina, o Ministério da Educação da província de Santa Fé e o Ministério da Educação da Nação elaboraram uma série de livretos para distribuição gratuita. Usamos algumas atividades deles. Xs pequenxs sempre estiveram bem predispostos a todas as propostas. Trabalhamos muito com arte e uma vez a cada quinze dias xs professorxs vão até os portões, com todos os cuidados e precauções. Fornecemos-lhes os materiais necessários para que possam realizar as atividades e não lhes falte nenhum elemento, e aí, além da voz, nos aproximamos e nos encontramos no olhar.

Para explicar alguns conteúdos mais concretos e complicados, utilizo o tempo da visita às suas casas, como nesta situação com a Valentina em que, para acompanhar o interesse em escrever o seu nome, utilizamos o chão como suporte. O maior orgulho é saber que tanto esforço, dedicação e compromisso com as infâncias e a escola pública fazem sentido. Ter conseguido que estejamos conectadxs, que escrevam, enviem áudios e realizem as atividades com entusiasmo, é ter alcançado qualquer objetivo proposto.

 

Valentina escrevendo seu nome

Mesmo nessa forma diferenciada de ensinar e aprender, vale a pena ser uma professora obstinada!

Até nos encontrarmos novamente na sala, guardo essa imagem dos primeiros dias em que compartilhamos brincadeiras e deixamos rastros nessa etapa da educação inicial.

“A Escola era sala de aula, oficina e comunidade. A ideia era chamar permanentemente a atenção das crianças, como se fosse um ímã. Se a escola é chata, é inútil. Se não ensina a pensar, também”. 
Maestro Luis Iglesias

Prof Silvana Cardonatti, docente da educação inicial

Notas
1. Villa Amelia é um município do sul da Província de Santa Fé, Argentina
2. Na Argentina, decidimos usar a letra “x” para impedir que a linguagem invisilbilize outros gêneros ou sexualidades no presente e no futuro

Alejandra Bianciotti. Diretora do Jardim de Infância
162. Granadero Baigorria. Professora do Ensino Superior na disciplina de Educação Inicial.
Daniela Sposato Vice-diretora do Jardim de Infância 926, Distrito La Matanza. Provincia de Buenos Aires. Agentina.

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