Esta 32ª edição da revista Infancia Latinoamericana, “Educação inicial na América Latina, lições aprendidas com o distanciamento social”, dedica-se a destacar as experiências de professores/as, que em diferentes lugares ressignificaram o valor dessa etapa educacional por meio do vínculo com os meninos, meninas e famílias a partir das realidades que se tornaram evidentes diante da situação que está sendo vivenciada mundialmente pela Pandemia.
A pandemia pôs em evidencia e potencializou problemas estruturais já existentes, como as desigualdades sociais. Desigualdades de ordem territorial, de acesso, de uso e conexão ao mundo digital. Condição generalizada, mas que na América Latina se acentuou, levando-nos a enfrentar problemas sociais como pobreza, maus-tratos e discriminação. A pandemia trouxe à tona as marcas de origem das nossas famílias numa situação em que têm de acompanhar os seus filhos e filhas para ficarem de alguma forma isolados e impossibilitados de ir à escola. Também promoveu questões que já estavam dadas e entre elas a fragilidade das crianças menos favorecidas que foram expostas aos desafios dos governos neoliberais que desmantelaram a educação com políticas que cada vez mais precarizavam o direito à educação. Como consequência, reforçou-se o papel da escola dentro das famílias, ficou evidente a complexidade do trabalho dos/as professores/as, boa parte da sociedade entendeu que o trabalho pedagógico é um trabalho complexo e que a escola tem um papel central na construção das subjetividades, em aprender a trabalhar com os outros, em fazer amigos, em resolver conflitos.
“A pandemia pôs em evidencia e potencializou problemas estruturais já existentes, como as desigualdades sociais”
A situação pandémica, de estar distantes, mas não ausentes, configurou-nos para outras formas de construir experiências e reflexões que surgiram na educação inicial, mas também nas experiências e lições aprendidas que dão lugar à essa etapa educacional ou que nos ajudam a pensar sobre ela.
Depois do distanciamento social com que nos deparamos, pouco a pouco, uns mais que outros, voltamos a nos aproximar da escola com uma mala cheia de lições aprendidas, várias reflexões e certamente algumas propostas. Além disso, neste retorno vamos discutir questões relacionadas: a necessidade de continuar pensando agora mais do que nunca que a educação inicial é para TODOS, o papel das famílias, o significado da escola e o papel do professor e da professora, voltam a ser mais uma vez uma figura de acolhimento e segurança,as meninas e os meninos voltam com outras experiências para compartilhar e estar com os outros. Assim como, os/as professores e professoras se apresentam com outras formas de assumir as interações, a experimentação e a brincadeira. Além disso, o valor do vínculo família, escola e comunidade neste tempo é retomado a partir da presença coletiva a partir de traços e rostos renovados que se reconfiguraram no tempo de confinamento e que deixaram novas experiências para continuar construindo essa etapa educacional inicial.
“A situação pandémica, de estar distantes, mas não ausentes, configurou-nos para outras formas de construir experiências e reflexões”
“Depois do distanciamento social com que nos deparamos, pouco a pouco, uns mais que outros, voltamos a nos aproximar da escola com uma mala cheia de lições aprendidas”
“As meninas e os meninos voltam com outras experiências para compartilhar e estar com os outros”
A com base no exposto, é necessário perguntar: que mudanças há na escola, nas meninas, nos meninos, nos/asprofessores/as depois de mais de um ano sem estar fisicamente presente? Que novo tempo está sendo reconfigurado com a presença renovada? Que outras novidades o retorno traz? O que esse tempo renovado diz para o currículo? Como professores/as, pais e comunidade podem se encontrar para contribuir e pensar outro currículo?
Não temos dúvidas de que esta possibilidade de reconhecer e visibilizar as experiências através da escrita onde alguém nos lê nos ajudará a transformar, potencializar e configurar o vínculo Família e Escola que há muito sonhamos como sociedade para a formação integral de nossos meninos, meninas e jovens, com o objetivo de torná-lo mais relevante e significativo em relação aos seus contextos.
Conselho de redação da Colômbia