Experiências. Um diálogo entre famílias e escola. Um olhar compartilhado

Meritxell Sabater

A família é o que há de mais importante que seus filhos e filhas têm, vocês são os primeiros educadores/as. Por isso, desde a escola queremos facilitar a sua presença e partilhar a sua experiência com a confiança de que se sintam acolhidas, ouvidas, reconhecidas e apreciadas.

 


Fragmento de documentação da escola.

 

As escolas são locais de cuidado, acompanhamento, crescimento pessoal, convivência e aprendizagem. São lugares cheios de vida e de grande conteúdo emocional. São locais onde a gestão do tempo é determinante.

Tempo de ser, de estar, de compartilhar, de se emocionar, de ajudar uns aos outros, de aprender. O tempo deve ser nosso aliado na escola. Com ele e não contra ele.

Vivemos numa sociedade onde o imediatismo e a pressa condicionam a nossa vida cotidiana. Os começos são importantes e as manhãs são rápidas, e prestar atenção em como nos sentimos, como nos acompanhamos, como nos cuidamos, deve ser o início de cada dia.

A escola infantil é um ambiente educativo que construímos em equipe e que devemos cuidar e manter. A forma como o fazemos é a nossa aprendizagem contínua e o nosso pilar de reflexão. Como acompanhamos as crianças? Como acompanhamos as famílias? Como apoiamos uns aos outros como uma equipe? Como construímos vínculos?

Construir uma escola numa perspetiva colaborativa e de respeito pelas famílias é essencial, assim como construir uma escola a partir da reflexão, da cooperação e do conhecimento pedagógico de todos nós que compomos a equipe escolar. Nós nos ouvimos o suficiente?

Acolhemos e cuidamos de pessoas, pessoas dos 0 aos 3 anos que necessitam de uma pessoa adulta competente, sensível, disponível, que ouça com todos os sentidos, capaz de comunicar com respeito e de dar e transmitir valores.

Acolhemos as emoções de cada criança e de suas famílias. E ao fazê-lo devemos levar em conta que nem todos vivem o mesmo momento vital. Somos capazes de compreender, aceitar e agir profissionalmente? Como agimos?

Na escola temos claro que é necessário oferecer tempo e espaço para estar presente e poder observar e compartilhar.

Todos precisamos de fazer parte de um lugar numa comunidade para nos sentirmos seguros, precisamos de construir confiança e encontrar o nosso lugar, tanto física como emocionalmente. Então, por que não projetar espaços acolhedores?

Um espaço acolhedor e familiar é o que define a nossa escola. Um local onde ao entrar faz com que quem entra se sinta confortável e queira ficar. E não podemos conceber um espaço educativo sem ter em conta uma estética de bem-estar.

Um espaço acolhedor e simpático ligado ao saber ser e estar de cada um de nós que fazemos parte da comunidade educativa. E educamos com o olhar, com a nossa entonação, com os nossos movimentos, com as nossas palavras, com os nossos gestos. Transmitimos mensagens continuamente com todo o nosso corpo e muitas vezes inconscientemente.

A escola é formada por famílias e uma equipe, docentes e não docentes, e sem um desses coletivos não há escola. Precisamos uns dos outros porque queremos a mesma coisa, o bem-estar dos meninos e meninas que vivem grande parte do dia, aqui e agora, no presente, na escola.

Todos nós vemos, sentimos, necessitamos e pedimos. E para isso é importante ouvirmos uns aos outros e partirmos da realidade que temos. Para conseguir isso, o trabalho em equipe é essencial. Esta é uma fonte de motivação e a sua diversidade é o que o torna valioso. Os/as professores/as são criadores de contextos de aprendizagem para as crianças e para nós próprios.

Se acreditarmos, criamos um ecossistema educativo onde todas as pessoas que vivem na escola se alimentam de saber ser, de conhecimentos e de experiências que certamente nos enriquecem.

Uma escola onde as famílias participam, com tempo e espaço, com contribuições, com escuta, com colaboração, com sensibilidade.

Uma escola onde temos a certeza de que lidamos com pessoas, com necessidades específicas e que estas mudam com o tempo. A equipe é formada por pessoas que trabalham e compartilham tempo e espaço com toda a comunidade.

Tenha um bom dia!
Un espacio y unas palabras amables.

A escola começa a se encher de vida. Meninos e meninas, mães, pais, avôs, avós, tios, tias, amigos, amigas, cuidadores…

Cada um no ritmo que precisa e/ou consegue. O espaço convida à adaptação e ao vínculo.

Uma música toca e uma frase escrita na lousa da entrada saúda quem entra.


Um lugar onde pode deixar os sapatos e poder andar descalço, alguns cabides onde pode deixar os casacos e as malas, um sofá que convida a sentar e partilhar. Uma cafeteira que convida a tomar um café. Oferece tempo e espaço para estar.

Uma entrada descontraída, sem pressa, aproximadamente entre as 8h e as 10h. Cada um encontra o seu lugar e a brincadeira se desenvolve de forma livre e autônoma.

Os adultos observam, escutam, aproximam-se e afastam-se, intervimos sem interferir, estamos disponíveis se precisarem de nós, e com a nossa atitude procuramos criar um clima de bem-estar e respeito, sabendo que o clima pode certamente mudar em algum momento. Acolhemos as emoções e tentamos sustentá-las como sabemos e podemos.

Todos/as educamos, todos os espaços educam. Meninos e meninas não entendem os papéis. O ambiente os influencia. Nosso compromisso e responsabilidade são enormes.

Provocar momentos de encontro entre a equipe e as famílias ajuda a estreitar laços e reforçar a cumplicidade e a confiança. Reuniões coletivas, situações de celebração, reuniões improvisadas e outras mais planejadas. Dinâmicas, contribuições, criações, experiências compartilhadas.

As famílias acompanham e buscam seus filhos e filhas na estadia onde podem ficar o tempo que precisarem, puderem ou quiserem. Esses momentos compartilhados na escola são momentos especialmente felizes para meninos e meninas. É um momento onde o relacionamento e a convivência fortalecem a confiança mútua e possibilitam a ligação da criança e sua família com a escola.

É um tempo que convida ao diálogo e à cordialidade onde todos temos a possibilidade de nos envolvermos e de nos expressarmos com liberdade e respeito.

Desta forma, as crianças podem desfrutar de relações estáveis ​​que lhes proporcionam a segurança necessária para crescerem como pessoas competentes e interagirem com o seu ambiente.

Nós tornamos isso visível
O cotidiano é transmitido em todos os cantos da escola. Uma escola com vida, uma vida com momentos mais planeados e outros mais inesperados, mais imprevisíveis. Se trata disso. Dar valor a esse fluxo do cotidiano colocando a criança, sua brincadeira, sua espontaneidade, sua curiosidade, sua criatividade, suas necessidades como pessoa como protagonista. Uma pessoa que precisa dessa relação de cooperação entre sua família e a escola.

É assim que nós, equipe, vivemos, é assim que tentamos fazer com que as famílias vivenciem. Nós explicamos e documentamos.

Os espaços falam sobre o que é vivenciado na escola. As paredes também transmitem mensagens e a equipe é responsável e protagonista de sua organização. Por que queremos tornar a vida escolar visível? Como fazemos? Que recursos temos?

Incluir a família na documentação da escola é uma forma de fazê-la participar e dar-lhe o valor que ela tem, peça indispensável, necessária para a escola e para que ela funcione como um lugar amigo, um lugar onde convivem meninos, meninas e pesspas adultas , que se relacionam, compartilham momentos e emoções, um lugar onde cuidamos uns dos outros e onde crescemos juntos.

Um projeto escolar é uma jornada. Se acreditamos, criamos. Um projeto onde a criança é protagonista e onde as pessoas adultas também são. Também somos protagonistas e ao mesmo tempo responsáveis ​​por esse duplo protagonismo.

Meritxell Sabater
EBM Cavall Fort

Bibliografia
Philippe Meirieu. O professor e os direitos da criança.
Coleção Temas Infantis nº 12. 2004

Philippe Meirieu. Referências para um mundo sem referências.
Rosa Sensat. 2004

Judith Falk. Lóczy, educação infantil. Coleção
Temas da Infância Nº23. 2008

Rede Territorial de Educação Infantil da Catalunha.
Documento na escola.
Coleção Temas Infantis nº 28. 2011

Rede Territorial de Educação Infantil da Catalunha.
Documento, um novo visual.
Coleção Temas Infantis nº 29. 2012

Penny Ritscher. A escola lenta.
Coleção Temas Infantis nº 38 2017

Anna Lia Galardini. Estaca.
Coleção Temas Infantis nº 39 2017

 

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